Pesquisas mostram que é possível realizar cirurgias do lado de fora da sala de operações.
Um dos sonhos mais antigos do ser humano é construir uma máquina à sua semelhança, que seja capaz de falar, agir e interagir como os humanos. Na ficção isso já é possível há algum tempo. Embora visualmente os robôs tenham mudado bastante desde os livros de Isaac Asimov, a ideia principal continua a mesma: criar uma máquina feita para servir.
Graças às pesquisas e ao constante avanço da tecnologia, esse sonho vem se tornando realidade. Os robôs estão cada vez mais fazendo parte do cotidiano das pessoas. Garçons, secretárias, telefonistas e babás. Esses são apenas alguns exemplos das inúmeras atividades humanas que já são desempenhadas por máquinas.
Uma das áreas que mais investe em pesquisas robóticas é a da saúde, e não apenas no desenvolvimento de próteses. A criação de robôs que auxiliem no cuidado do paciente e até na realização de cirurgias não é algo tão surreal quanto parece. Protótipos de braços mecânicos para cirurgias e enfermeiras-robôs vêm sendo testados e aperfeiçoados.
Mas até onde podemos confiar nos robôs para a realização de atividades antes exclusivamente humanas? Você confiaria a sua vida ou a vida de algum parente a uma máquina? Antes de responder a essas perguntas, confira abaixo os trunfos e as maiores dificuldades da robótica quando o assunto é a saúde e a comodidade do ser humano.
As pesquisas e seus resultados
Uma cobra para o coração
Como citado anteriormente, existem diversas pesquisas na robótica voltadas para a área da saúde. Além disso, diversos projetos são adaptados para serem usados em cirurgias. Um bom exemplo disso é o robô criado para entrar em lugares perigosos ou muito apertados para uma pessoa. O formato do aparelho foi inspirado no corpo das cobras, flexível e resistente.
O pesquisador Howie Choset, da Carnegie Mellon University, encontrou outro uso para o robô. Se construído em menor escala, o aparelho poderia ser utilizado em cirurgias cardíacas. E foi assim que surgiu o Cardio Arm. A “cobra” é inserida por uma pequena incisão no peito do paciente. Uma vez lá dentro, o cirurgião controla os movimentos do robô por meio de um joystick.
Com o auxílio de uma câmera instalada na parte frontal do dispositivo, pode-se ver para onde ele está indo e corrigir o curso, caso seja necessário. Dessa forma, é possível realizar diversos procedimentos no coração dos pacientes sem a necessidade de uma cirurgia evasiva.
O Cardio Arm foi utilizado pela primeira vez em fevereiro de 2010, quando médicos da República Tcheca realizaram um procedimento de mapeamento cardíaco. A esperança é, no futuro, utilizar o robô em outras cirurgias cardíacas, como a ablação (para correção de arritmia).
Cirurgião fora da sala de operações
O reconhecimento de gestos e as inovações tecnológicas podem ajudar a reduzir os perigos de infecções durante os procedimentos. A ideia é simples, basta tirar médicos e enfermeiras da sala.
Segundo Juan Pablo Wachs, professor assistente da Purdue University, utilizar visão computacional baseada nos gestos das mãos poderiam permitir que as cirurgias fossem realizadas sem a presença de humanos no centro cirúrgico.
Dessa maneira, o médico poderia consultar raios X e exames, utilizar teclado e mouse sem que isso representasse uma ameaça à saúde do paciente.
A ideia é que uma câmera capte os movimentos feitos pelo médico e eles sejam reproduzidos de maneira exata por braços mecânicos instalados nas salas de cirurgia. Os testes feitos utilizaram o Kinect, da Microsoft, para captar os movimentos do médico e gerar uma imagem tridimensional do corpo do paciente.
Uma das maiores dificuldades na criação dessa cirurgia à distância é justamente a reprodução extremamente precisa dos movimentos do cirurgião. Além disso, caso o médico esteja conversando com outra pessoa de sua equipe, como fazer para distinguir um gesto involuntário daqueles relacionados à operação?
Outro problema está na variedade de movimentos a serem estudados, já que cada pessoa tem um jeito diferente de segurar os instrumentos e fazer os gestos com as mãos. A ideia é fazer com o que a máquina se adapte aos médicos, e não o contrário.
Além disso, sentir o toque do instrumento no órgão do paciente pode ser muito importante, pois às vezes determina a força com a qual uma incisão deve ser feita ou o quão profunda ele deve ser.
Essa experiência de toque para cirurgias a longa distância é o alvo de interesse de pesquisadores da Universidade Johns Hopkings. Eles estudam maneira de reproduzir a sensação de toque para sistema robóticos médicos. Diversos experimentos estão sendo feitos para levar o tato às mãos mecânicas, mas os resultados ainda não são satisfatórios para utilizar o mecanismo em hospitais.
Por que usar robôs?
Utilizar robôs e tecnologias na realização de cirurgias traz diversos benefícios para os pacientes. Por exemplo, utilizando o Cardio Arm (apresentado acima), a pessoa recebe alta e pode ir para casa já no dia seguinte ao da operação, enquanto que o procedimento normal exigiria algumas semanas de recuperação no hospital.
A própria recuperação do paciente se dá de forma muito mais rápida, diminuindo as dores pós-operatórias e permitindo que a pessoa retorne às suas atividades antes do esperado. Outro benefício na utilização de robôs em cirurgias é o fato de as máquinas não cansarem. Procedimentos com duração de horas podem ser realizados sem perigo de desatenção causada pela exaustão.
Ainda há muito que fazer para que os robôs substituam o ser humano em atividades como cirurgias. Porém, as pesquisas e os avanços da tecnologia caminham para que isso seja possível.
Em seus livros, Isaac Asimov diz que o ser humano reagiria com medo e até certa repulsa aos robôs. Depois de ler um pouco sobre as pesquisas realizadas na área de robótica, saber dos resultados e das dificuldades enfrentados e com o pensamento no futuro responda: você teria coragem de ser operado por uma máquina?
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