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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Entenda a Onda de Protestos que Atinge a Líbia


Gianluigi Guercia/21.02.2011/AFPGianluigi Guercia/21.02.2011/AFP
Manifestante segura cartaz contra o líder Muammar Gaddafi em frente à Embaixada da Líbia na capital egípcia, Cair

O líder Muammar Gaddafi completou 41 anos no comando da Líbia no último 16 de janeiro, mesmo mês em que os governos do norte da África e do Oriente Médio se sacudiram ao ver a queda do ditador Zine el Abidine ben Ali, da Tunísia, que estava há 23 anos no posto. Um mês depois, houve a confirmação de que algo importante ocorria na região, com a queda de Hosni Mubarak, que controlava o Egito há quase 30 anos.
Na lista dos próximos governantes ameaçados pelas revoltas populares, Gaddafi vê agora várias cidades líbias, entre elas Benghazi e Syrta, tomada por manifestantes descontentes com seu reinado truculento de quatro décadas, sem o respeito da Constituição e liberdades fundamentais. 


Os atuais protestos na Líbia são os maiores até hoje contra Gaddafi. Apesar disso, eles se concentram na região leste do país, onde a popularidade do líder líbio é tradicionalmente mais baixa.

É nessa área que se localiza Benghazi, que é a segunda maior cidade do país. De acordo com alguns relatos às agências internacionais, essa região não está sob controle do regime, pois soldados não apoiam mais o Gaddafi.
Por outro lado, funcionários do governo denunciam que a rede terrorista Al Qaeda está por trás dos protestos e já estabeleceu um emirado islâmico em Derna, no leste do país.
Violência marca a resposta do governo
Gaddafi, que já foi chamado "cachorro louco do Oriente Médio" pelo ex-presidente dos Estados Unidos Ronald Reagan (1981-1989), responde aos protestos de forma dura aos protestos.
A Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) divulgou um balanço 640 mortos desde o início da rebelião, em 15 de fevereiro. Já os números oficiais falam de 300 vítimas, e outros chegam a citar 10 mil, como o membro líbio do Tribunal Penal Internacional (TPI), Sayed al Shanuka.
Em seu discurso oficial nesta terça-feira (22), Gaddafi prometeu lutar "até a última gota de sangue" pela Líbia, além de ameaçar os opositores com pena de morte.
Antes, Saif al Islam Gaddafi, filho do ditador, afirmou em entrevista à televisão que a Líbia está à beira da guerra civil. Para ele, a violência é resultado de um "complô estrangeiro".

Gaddafi tem passado golpista e controverso

Desde que assumiu o cargo de primeiro-ministro do país, em 16 de janeiro de 1970, quatro meses depois de dar um golpe militar, Gaddafi já foi chamado de maluco e herói, de terrorista e revolucionário.
Sua ditadura apoiou organizações terroristas como o Setembro Negro, que assassinou atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique, em 1972, e o grupo basco separatista ETA, acusado de dezenas de atentados na Espanha.
Gaddafi também se recusou a extraditar o terrorista líbio Abdel Basset al Megrahi, que em 1988 plantou uma bomba em um avião jumbo da Pan Am que explodiu sobre a Escócia, matando 270 pessoas. O fato rendeu à Líbia uma série de sanções da ONU (Organização das Nações Unidas), mas angariou ainda mais seguidores radicais para Gaddafi.
Porém, nos primeiros anos da década de 90, Gaddafi começou a mudar de lado. Passou a ser intolerante com fundamentalistas islâmicos, livrou-se de suas armas de destruição em massa e pagou indenizações às vítimas do atentado ao jumbo da Pan Am.
Finalmente, em 2003, o então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, retirou a Líbia da lista de países ligados ao terrorismo.
A linha "Gaddafi paz e amor", apontaram especialistas, foi estrategicamente adotada pensando em uma possível sucessão. O nome natural é do filho Saif el Gaddafi.
Saif já chegou a admitir, respondendo a contragosto a perguntas feitas  em março do ano passado, que o regime do pai não é uma "democracia de verdade", embora tenha saído em sua defesa nos atuais protestos.
País é o quarto produtor de petróleo na África
A Líbia é membro da Organização de Países Produtores de Petróleo (Opep) e o quarto produtor de petróleo da África, depois da Nigéria, Argélia e Angola, com cerca de 1,8 milhão de barris diários.
O país exporta a maior parte de seu petróleo aos países da Europa, entre eles a Itália, Alemanha, Espanha e França. Agora, quer desenvolver sua produção de gás natural, setor no qual tem reservas estimadas em 1,540 trilhão de m3, segundo a Opep.

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