Ao longo do século 20, a mancha urbana da cidade de São Paulo se expandiu a partir da região central e atingiu quase todos os 1.523 km da cidade.
As únicas áreas que permanecem mais ou menos como estavam, em termos de ocupação urbana, são as dos distritos de Parelheiros e Marsilac, no extremo sul da cidade.
"Aqui em São Paulo, com a industrialização, a imigração e a migração, o que houve foi uma avalanche de gente ocupando território paulistano muito rapidamente. Na Inglaterra, com a industrialização, quando as pessoas saíram do campo para ir para a cidade, também houve um caos, mas rapidamente foi estabelecido um controle do crescimento da cidade. Aqui isso não ocorreu, o que gerou todas as distorções possíveis", afirma a urbanista Lucila Lacreta, do Movimento Defenda São Paulo.
Lacreta concorda que o modelo de crescimento paulistano seguiu o mercado. "Toda a nossa urbanização foi desse jeito: o poder público correndo atrás de onde o investidor privado tinha seu próprio interesse. Ao contrário do sistema europeu, que privilegia o interesse da coletividade no planejamento urbano e racionaliza o crescimento da cidade, pois só pode construir onde tem um plano urbanístico estabelecido pelo governo."
"O que se fala sempre é que a cidade cresce desordenadamente em função da ausência de planejamento. Mas o que se tem, na verdade, é que a cidade foi objeto de pelo menos oito planos ao longo do século 20. Os planos definiram várias coisas pra cidade, mas muitas vezes eles eram feitos dentro do gabinete, sem a noção tridimensional --sentavam em cima do mapa e desenhavam como achavam que deveria ser", afirma Antonucci.
Para Lacreta, São Paulo está em uma encruzilhada: ou se muda a forma de crescimento, ou o modelo, esgotado, "vai nos levar a um definitivo colapso". "A própria questão da drenagem urbana, que gera o caos todas as tardes nesta época do ano, deixa muito claro que a gestão da coisa pública não prevaleceu, prevaleceu a questão do empreendimento imobiliário particular.
Nenhum comentário:
Postar um comentário