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sexta-feira, 30 de março de 2012

A Guerra Por Fiéis e Seus Megatemplos

A construção de megatemplos mostra a força do cristianismo brasileiro, acirra a disputa por fiéis e revela como orar entre milhares de pessoas ajuda a sentir-se mais perto de Deus


Megatemplos são construídos em todo o país e por várias religiões: a Igreja Católica inaugurará ainda este ano o Santuário Mãe de Deus, para 100 mil pessoas, em São Paulo. Em Belo Horizonte, Minas Gerais, a Catedral Cristo Rei vai abrigar até 25 mil pessoas quando for consagrada, em três anos. Entre os evangélicos, várias denominações prometem inaugurar suas megaconstruções. Em Guarulhos, na Grande São Paulo, a Igreja Mundial do Reino de Deus planeja construir a Cidade de Deus, para 150 mil pessoas. No Recife, a Assembleia de Deus conclui o projeto de um templo para 30 mil pessoas. Em Belo Horizonte, a Igreja Batista de Lagoinha planeja acolher num mesmo teto 35 mil pessoas. “Os brasileiros têm necessidade de grandes basílicas e catedrais, de lugares grandes para congregar e orar”, diz o padre Marcelo Rossi, criador do Santuário Mãe de Deus.

(Gráfico: Gerson Mora, Luíz Salomão, Marco Vergotti, Pedro Schimidt e Rodrigo Fortes. Foto: Helvio Romero/AE)

No mundo cristão, o fenômeno dos templos multitudinários teve início na década de 1970, como reflexo da popularização das igrejas evangélicas. No Brasil, começou nos anos 1980, quando as igrejas evangélicas passaram a comprar grandes salas de cinema abandonadas, com capacidade para até 2 mil pessoas. Dez anos depois, surgiram edifícios religiosos como a Catedral Mundial da Fé, sede da Igreja Universal do Reino de Deus, no Rio de Janeiro, que abriga 15 mil fiéis. A Igreja Católica, representada por seu ramo carismático, reagiu – dentro de suas tradições arquitetônicas. “Um espaço que leve à reflexão não pode ser confundido com um auditório ou ginásio. Um local profano pode acomodar as pessoas, mas não ajuda na experiência religiosa”, diz o arquiteto Ruy Ohtake, autor do projeto do Santuário Mãe de Deus. A construção do templo é financiada pelo padre Marcelo Rossi com o dinheiro de doações e da venda do CD e do livro Ágape (publicado pela Editora Globo), que, juntos, já venderam 9 milhões de exemplares.


Um dos motivos que impulsionam a construção dos grandes templos é a afirmação de cada uma das igrejas ante as demais. “Erguer um templo grandioso é uma forma de se impor perante as demais denominações e de mostrar que ‘somente aqui você encontra Deus’”, diz Brenda Carranza, cientista social da PUC de Campinas, autora do livro Catolicismo midiático. Depois de atrair milhões de católicos, as igrejas evangélicas tentam, agora, se diferenciar e se impor. Para Ricardo Bitun, professor de ciências da religião da Universidade Mackenzie, quando uma igreja constrói um megatemplo, ela mostra, de forma simbólica, que não é um movimento religioso efêmero. “É uma mostra de que tem raízes fortes e que veio para ficar, um marketing tremendo”, diz ele. A construção dos megatemplos católicos sugere que a hierarquia católica não quer ficar fora dessa competição.

O Templo de Salomão, megatemplo da Universal, não servirá apenas para realizar cultos. O espaço terá apartamentos, que funcionários envolvidos na obra dizem que serão usados pelo bispo Edir Macedo, líder da Iurd. O apartamento de Macedo tem 740 metros quadrados, academia de ginástica, jardim interno e quatro suítes com banheira de hidromassagem (a principal com jacuzzi de 3,5 metros x 4 metros). O apartamento fica atrás da nave, no 7º andar. No 8º andar, há uma área de lazer com 176 metros quadrados com churrasqueira, sauna e outra jacuzzi. “É um projeto suntuoso”, diz um arquiteto que trabalhou na elaboração da planta. A reportagem de ÉPOCA visitou o canteiro de obras. Lá, um funcionário mostrou o andamento das obras e mencionou o lado onde será construído o “apartamento do bispo”. “Ele vai morar aqui?”, a reportagem perguntou. “Claro que não”, respondeu o funcionário. “O bispo vive em Miami. O apartamento é só para quando ele estiver em visita.”

O líder religioso carismático que se dirige a uma multidão recorre, necessariamente, a temas genéricos. “Como é impossível falar com um deles de cada vez, a palavra tem de tocar o coração da maioria”, diz o pastor Marco Feliciano. A empregada doméstica Rosângela Benção, de 33 anos, expressa o sentimento de quem foi tocado. Nos dias de semana, ela frequenta os cultos da igreja Deus é Amor, que reúne 80 pessoas, no bairro do Brás, região central da capital paulista, onde mora. Aos domingos, participa do culto no Templo da Glória, sede mundial da igreja, no bairro do Glicério, que abriga até 60 mil pessoas. Embora afirme sentir a “presença de Deus” nos dois locais, diz que, no Templo da Glória, a sensação é mais forte: “Quando você vê tanta gente dando glória (a Deus), sente uma fé maior”.  

Ponto de Vista Eletrônico

Esta matéria não tem o intuito de faze-lo mudar de religião ou muito menos perder a sua fé, é apenas informativa e esclarecedora.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/ideias/noticia/2011/12/os-novos-centros-da-fe.html

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