O feijão-carioca é o mais consumido em todo o Brasil, representando 85% das vendas desse tipo de produto no mercado. Mas você precisa ficar atento: pode estar levando para casa um feijão com a qualidade menor do que a esperada. Embora a legislação que estabelece o regulamento técnico de feijões tenha sido revista em 2008, apertando o cerco para que os fabricantes sejam mais cuidadosos com a qualidade, não é isso o que vem acontecendo. Mais uma vez, os resultados de nosso teste com esse grão mostraram que ele tem problemas na classificação vegetal, assim como aconteceu com as análises de feijão-preto (PROTESTE, no 90, abr/10). Com isso, se o consumidor quiser pagar mais caro por um feijão tipo 1, crente que irá colocar na mesa um produto com mais qualidade, pode acabar comprando um feijão com problemas maiores nos grãos – o que o caracterizaria como tipo 2 ou 3, não tipo 1.
Quanto menor o número, melhor o tipo
Entenda essa classificação: o tipo do produto é definido de acordo com os defeitos dos grãos, havendo um limite de tolerância para esses defeitos, de acordo com as regras estabelecidas pelo Ministério da Agricultura. Os defeitos podem ser leves (grãos amassados, danificados, imaturos, partidos ou quebrados) ou graves (grãos ardidos, mofados, germinados ou carunchados). Quanto menos defeitos o feijão tiver, menor será o número a ele atribuído: o tipo 1, portanto, é o melhor de todos. Os tipos podem ser ainda 2 e 3. Há também o "fora de tipo", quando não pertence a tipo algum (em geral, tem mais defeitos que o tipo 3, mas não possui características que o desclassifique, como a presença de insetos). Assim como ocorre com os outros tipos, a classificação "fora de tipo" deve vir no rótulo. Ou seja, quem o comprar, não estará sendo enganado.Mas o problema maior é o feijão "desclassificado": quando tem mau estado de conservação ou traz substâncias nocivas ao homem. E, se houver a presença de sementes tóxicas (como a baga de mamona) ou de insetos vivos, o produto do tipo desclassificado não deve ser comercializado.
Há insetos vivos em alguns feijões
Os testes mostraram que, no caso dos feijões-cariocas, há muito gato sendo vendidopor lebre. O problema é que o tipo informado ao consumidor não é o que está sendo vendido realmente. Isso ocorreu em nove das 25 marcas testadas: Caldo Bom, Econ, Máximo, Biju, Granfino, Carreteiro, Chinezinho, Berger e Caldão. E, embora nossas análises tenham constatado que os grãos das marcas Combrasil e Feijão do João eram do tipo correto, eles deveriam ser do tipo "desclassificado", devido à presença de insetos vivos (os quais também foram encontrados nos feijões Berger e Caldão). Já o Chinezinho, que é um dos produtos mais caros, se vende como tipo 2, mas, no laboratório, constatamos que sua classificação deveria ser "fora de tipo" (em um dos lotes testados) ou tipo 3 (em outros dois lotes). Por esse motivo é que, na tabela, todos os produtos que apresentaram erro na classificação vegetal ficaram com "fraco" na avaliação da rotulagem.
Rótulos são muito incompletos
Os problemas nos rótulos dos feijões-cariocas não param por aí. As marcas Biju, Caldo Bom, Chinezinho, Pé Vermelho, Granfino e Guará não informam a data de embalagem dos produtos. O feijão Caldão não trouxe o número do Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC). Caldão, Caldo Bom, Kaldinho, Pé Vermelho e Guará não ensinam o modo de preparo do feijão. E a marca Guará também não informou a respeito da conservação do produto.
Vimos, ainda, que todas as marcas cozinharam o alimento no tempo correto. Isso é um ótimo sinal: indica que não está havendo mistura de duas safras em uma mesma embalagem. Se fosse assim, o feijão não teria ficado pronto uniformemente quando realizamos o nosso teste: cozinhamos durante 90 minutos, sem pressão. Ao final desse período, todos os grãos de cada marca testada estavam cozidos por igual.Também avaliamos a capacidade de expansão dos grãos de feijão-carioca, para podermos ter uma ideia do rendimento de cada marca. Quanto mais os grãos expandissem, maior seria o volume do feijão pronto. A marca que se saiu melhor nesse teste foi a Broto Legal, chegando a aumentar 184% mais do que o tamanho original do grão. O que menos expandiu foi o feijão Máximo (116%). De qualquer forma, no geral, a maioria das marcas mostrou ter uma boa expansão e, em consequência, um bom rendimento.
Alguns têm grãos menos macios
Outra análise importante foi verificar se as marcas testadas, após prontas, faziam grande diferença ao paladar. Dessa vez, o cozimento se deu em panela de pressão, por 30 minutos (esse tempo só não foi suficiente para duas marcas: Combrasil ficou pronta depois de 36 minutos e Chinezinho, 45). Após temperado, painelistas experimentaram cada marca. Na avaliação global do produto, o feijão Carreteiro foi o que menos agradou. Ele foi o menos aceito na avaliação da cor, consistência do caldo e maciez dos grãos. Praticamente junto a ele, Berger e Máximo também foram considerados "um pouco menos macios". Quanto à maciez dos grãos, Carrefour, Namorado, Fritz e Frida e Caldo Bom foram os que se saíram melhor. E os considerados mais saborosos foram Bom Preço, Granfino, Pantera, Máximo, Kaldinho e Kicaldo. Os que mais agradaram no geral foram Combrasil, Kicaldo e Caldo Bom, sobretudo em relação à cor e à consistência do caldo.Ao comprar o produto, observe que a maioria é vendida em embalagem de um quilo, outros somente na de 500 gramas. Já Biju, Carreteiro, Combrasil, Fritz e Frida e Namorado são encontrados em ambos os pesos. De qualquer forma, ao compararmos os preços médios por quilo, vemos que as embalagens de um quilo saem mais em conta. E atenção à economia que poderá fazer: o Chinezinho (à venda só em embalagens de 500 gramas e que teve o maior preço médio por quilo) pode chegar a custar mais que o dobro do que nossas escolhas certas, Carrefour e Pé Vermelho. E uma dica: como elas são muito regionalizadas, procure na tabela os produtos bem avaliados, veja qual deles é vendido em se Estado e opte pelo menor preço.
Para saber mais sobre este assunto e ver a tabela completa dos melhores no teste acesse: http://www.proteste.org.br/alimentos/20110324/feijeatilde-o-nem-teatilde-o-maravilha-Attach_s538291.pdf
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