PROTESTE comparou seis países e constatou que mesmo que a taxa fosse a metade da atual superaria o dobro da segunda colocado entre os pesquisados.
O brasileiro que recorre ao financiamento por meio do cartão de crédito, o chamado rotativo, está submetido a maior taxa real de juros do mundo (237,9%). A PROTESTE Associação de Consumidores comparou a taxa média de juros cobrada nas operações com cartão de crédito com o de outros seis países (Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México), e comprovou o exagero das taxas.
Mesmo que a taxa fosse a metade do que é praticado pelo mercado brasileiro ainda seria maior que o dobro do segundo colocado entre os países pesquisados. Os juros que são cobrados nas modalidades do crédito rotativo são uma das causas do endividamento dos brasileiros.
Taxas Anuais (em %)PAÍS | TAXA BÁSICA | INFLAÇÃO | TAXA REAL | TAXA DO CARTÃO DE CRÉDITO |
BRASIL | 11,0 | 6,5 (*) | 4,23 | 237,9 |
ARGENTINA | 12,5 | 9,7 | 2,55 | 50,0 |
CHILE | 5,3 | 3,7 | 1,49 | 40,7 |
COLÔMIBIA | 4,8 | 4,0 | 0,77 | 28,5 |
PERU | 4,3 | 3,0 | 1,21 | 40,0 |
VENEZUELA | 24,0 | 28,0 | -3,13 | 29,0 |
MÉXICO | 4,5 | 3,2 | 1,26 | 36,2 |
Fonte: Banco Central do Brasil e pesquisa pela internet . (*) Taxa estimada para 2011.
Os cartões de crédito têm sido o maior fator de endividamento dos consumidores porque as taxas cobradas no rotativo se tornam impagáveis. E ainda assim o rotativo cresceu 22% em 2011. Para a PROTESTE este quadro é preocupante porque atinge principalmente os consumidores que entraram recentemente no mercado de consumo, pessoas de baixa renda e entre eles aposentados e pensionistas.
As condições econômicas dos países pesquisados, quando confrontadas com a do Brasil, mostram claramente que a taxa média dos juros praticados no Brasil realmente é exagerada; caso fosse a metade, ou seja, de 119% ao ano (equivalente a 6,75% ao mês) ainda seria maior que o dobro da segunda colocada.
Parte da culpa desse processo de endividamento cabe às instituições financeiras. Além das taxas exageradas, o processo de concessão de crédito é falho e leva as famílias a contraírem vários financiamentos cujo valor das prestações chega a superar a própria renda mensal.
O modelo de cartão implantado no País na década de 70 se diferencia de outros países: ele não distingue quem paga o total da fatura de quem financia, recorrendo ao rotativo, o que leva a diluição do custo por todos os clientes, incluindo a taxa de inadimplência.
Entre os inadimplentes no País, 64,1% têm dívidas com cartão de crédito, segundo pesquisa divulgada dia 19 de dezembro pela Boa Vista, administradora do Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC). E 15,3% tem dívida em cartão de loja. O estudo mostrou ainda que os endividados têm em média 2,4 contas em atraso.
O último estudo de cartão feito pela PROTESTE constatou que não pagar o valor total da fatura pode transformar uma dívida de R$1 mil após um ano, em R$ 7 mil no caso de um cartão Hipercard, que cobra mais de 600% de juros no rotativo.
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