O presidente da FIFA, Joseph Blatter, disse em entrevista ao jornal alemão Frankfurter Allgemeinen Zeitung, que deverá reabrir o caso ISL, e punir os culpados que receberam propina, no caso que ocorreu no final dos anos 90.
"Vamos abrir esse caso e torná-lo público e solicitar a uma instituição independente que avalie esses documentos.Certas pessoas não permanecerão no Comitê Executivo," disse, dando o que seria uma suposta indireta ao presidente da CBF, Ricardo Teixeira, um dos envolvidos no esquema de propina.
Já senador Mário Couto (PSDB/PA), disse em entrevista ao Lance! que esta denúncia deverá abrir uma CPI no Brasil afim de investigar Teixeira.
"Ricardo Teixeira tem um problema na Suíça em que teve de confessar que recebeu propina. Basta ao governo brasileiro pedir esse documento (...) Sendo uma declaração do presidente da Fifa, é um fato comprovado. Antes todos diziam que não havia fatos. Mas isso prova a necessidade de abertura de uma CPI. Compete a nós senadores. E farei isso chegando a Brasília", afirmou o parlamentar.
De acordo com a coluna Painel FC, as declarações de Blatter irritaram o mandatário da CBF,que viu os ataques como uma suposta oposição a este para o cargo de presidente da FIFA em 2015. O atual mandatário da entidade máxima do futebol deverá apoiar Michel Platini, atual presidente da UEFA, na próxima eleição.
O caso ISL foi o maior escândalo de corrupção da Fifa. O processo, encerrado em 2010 sob sigilo da Justiça suíça, concluiu que foram pagos US$ 100 milhões em propina a dirigentes nos anos 90.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Teixeira interpretou as declarações de Blatter como uma manobra eleitoral contra ele. O francês teria o interesse de prejudicar o brasileiro, envolvido no caso da ISL, para favorecer Michel Platini na disputa pela presidência da Fifa em 2015.
Ricardo Teixeira teria interpretado declarações de Joseph Blatter como ataques diretos contra ele.Segundo a publicação, a briga pode afetar as preparações para a Copa do Mundo de 2014. Durante as últimas eleições da entidade, em junho, quando Teixeira se aproximou do opositor Mohammed Bin Hammam, a Fifa subiu o tom contra o Brasil sobre os preparativos para o evento.
A denúncia foi confirmada por um tribunal suíço em 2010. A Justiça local determinou a devolução de parte do dinheiro e encerrou o caso sem citar o nome dos membros da Fifa envolvidos no escândalo. O caso, contudo, veio à tona novamente em novembro do ano passado por conta da divulgação dos nomes dos acusados pela BBC e pelo jornal suíço Tages-Anzeiger. Entre os citados está Ricardo Teixeira, que teria recebido pagamentos da ISL em uma conta secreta em Liechteinstein no valor de US$ 9,5 milhões.
Apesar de refutar as acusações, Teixeira não apresentou provas que validassem suas palavras e não deixassem a impressão de que são bravatas. Sobre os pedidos de indiciamentos feitos pela CPI da CBF/Nike, em 2001, limitou-se a dizer que os casos foram arquivados a pedido do Ministério Público.
Teixeira só não revelou o fato de, em alguns casos, as denúncias terem sido arquivadas após manobras jurídicas. Ao término da CPI, o dirigente foi alvo de 13 pedidos de indiciamento relativos a supostos crimes de evasão de divisas, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. As palavras do presidente da CBF revoltaram os parlamentares no Congresso Nacional. Presidente da CPI do Futebol, em 2001, o senador Álvaro Dias (PSDB/PR), não escondeu o seu descontentamento.
As declarações de Teixeira foram feitas em uma entrevista na edição do mês de Julho da revista Piauí. E debochou da forma como o brasileiro lida com o sucesso alheio.
- O neguinho do Harlem (bairro de Manhattan, em Nova York, EUA) olha para o carrão do branco e fala: quero um igual. O negro não quer que o branco se foda e perca o cargo. Mas no Brasil não é assim. É essa coisa de quinta categoria - disparou Teixeira à publicação.FRASES DE RICARDO TEIXEIRA "Que p... as pessoas têm a ver com as contas da CBF? É entidade privada, Não tem dinheiro público. Por que m... todo mundo enche o saco?"
"Caguei. Caguei de montão" (sobre as acusações que recebe)
"Você acredita em tudo o que sai na imprensa? Esquece. Isso é tudo armação."
"Garotinho? Ele está trabalhando para a Record"
"Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo"
"Só vou ficar preocupado quando as acusações saírem no Jornal Nacional"
"Parei de ver televisão e internet. Não leio mais p... nenhuma. A vida ficou leve pra cacete"
"Voo da muamba? Foi tudo armado. O secretário da receita armou para mostrar serviço, comprou a história e nós nos f..."
O deputado federal Romário (PSB-RJ) esteve nesta quarta-feira reunido com o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), em Brasília, para discutir estratégia para que o país possa seguir com as investigações referentes ao presidente da CBF e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa, Ricardo Teixeira.
O deputado questionou o mandatário na última terça-feira, em audiência pública na Câmara, mas o dirigente se calou. Sugeriu, inclusive, a renúncia dos cargos na CBF e no COL caso seu nome apareça no dossiê que será divulgado em dezembro com os envolvidos no suposto caso de recebimento de propina da empresa de marketing ISL.
Romário quer reunir um grupo de deputados e senadores para buscar a apuração dos fatos pelo Ministério da Justiça, que poderá requerer o envio do depoimento de Teixeira à Polícia Federal, na semana passada. Há ainda a intenção de ter a ajuda do Itamaraty, para captar informações da Justiça suíça.
- Já passou da hora de as coisas acontecerem. Se o presidente da CBF estiver envolvido em falcatruas, ele não pode continuar à frente da Copa do Mundo - disse Romário, completando: - Queremos dar uma continuidade às investigações iniciadas e divulgadas no Senado pelo jornalista Andrew Jennings. Tenho certeza de que se tivermos acesso a isso, conseguiremos andar. Aquele que deve, vai pagar ou, no mínimo, devolver.
De acordo com Blatter, o caso será retomado no próximo comitê executivo, nos dias 16 e 17 de dezembro, e o dossiê será entregue a uma organização independente, para que se examinem documentos e apresentem conclusões sobre esta situação.
A medida acontece depois de seguidas polêmicas de casos de corrupção na Fifa. Em sua entrevista, Blatter afirmou que, com a divulgação deste dossiê, a Fifa busca demonstrar que realmente quer acabar com as denúncias que rondam a entidade.
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