O zagueiro Bolívar, do Internacional, sofreu pena inédita do STJD, após um choque que rompeu os ligamentos do joelho esquerdo do lateral Dodô, do Bahia. Além de pegar quatro jogos, pelo artigo 254, o defensor foi incluído no parágrafo terceiro, que prevê que o responsável pela lesão de um atleta deve ficar parado por tempo equivalente ao da recuperação do lesionado.
"Temos que considerar que é nítido que o Bolívar jamais entraria com o objetivo de prejudicar qualquer colega de profissão. Ele é um jogador de 31 anos, que tem toda uma história dentro do futebol, e em nenhum momento faria algo com essa intenção. Foi um lance normal onde o Bolívar acabou cometendo um erro", analisou Luigi em entrevista à Rádio Gaúcha.
Segundo Dr. Osmar que trabalha amplamente nessa área de recuperação de atletas lesionados, comenta em seu blog:
Sob esse aspecto, não discordo. Mas coloco em dúvida a ampla justiça dos vereditos do STJD. Talvez fosse melhor que as entidades que congregam médicos do futebol, criassem uma espécie de tabela de tempo de pena, conforme o tipo de lesão. Este é o começo de um debate. E coloco , sem pensar muito, alguns pontos que reforçam o que digo. Havia uma lesão pré-existente ? O clube do atleta atingido tem todos os recursos modernos de cirurgia e reabilitação ? O lesionado também usou de violência no lance ? Foram prestados os primeiros socorros com todos os protocolos de uma emergência ? O clube tinha médico no campo constando da súmula do jogo ? Houve uma infecção no pós-cirúrgico ? Houve infecção hospitalar ? O atingido já havia declarado que iria parar de jogar nos próximos dias ou no final do seu contrato ? Houve uma nova lesão semelhante durante a reabilitação ? O atleta ganhou peso excessivo durante a reabilitação e por causa disso não pode voltar a jogar ? O atleta é portador de alguma doença sistêmica que dificulta a cicatrização dos tecidos ? E por aí vamos…Ponto de Vista Eletrônico
Não é questão de se fazer um bode expiatório ou que este caso se torne um exemplo para a violência no futebol, mas estava mais do que na hora de uma punição exemplar, para que faltas como estas diminuam.
Sem nomes apenas números, muitos atletas preferem se livrar rapidamente da bola para não serem atingidos por jogadas assim, que no caso em questão pode até ser que o zagueiro não tinha intenção de machucar, mas lesionou um garoto que está em inicio de carreira.
Muito ainda há para se debater e principalmente resolver em nosso futebol arte, mas para isso precisávamos de um começo, e esta decisão do STJD pode ser um divisor de águas entre a mediocridade de jogadores que precisam da violência e aqueles que usam o talento.
Deixo exemplos de zagueiros que se destacam pelo talento:
- Gamarra, zagueiro jogou pela seleção paraguaia e pelo Corinthians, pouquíssimas faltas, antecipava a jogada com talento e na bola. Gamarra disputou sua primeira Copa do Mundo em 1998; copa em que seu time saiu nas oitavas de final, tendo Gamarra conseguido um feito inédito para sua posição – conseguir sair de uma copa sem ter feito uma falta se quer, tendo ficado 724 minutos sem fazer falta – um RECORDE!
- Dedé do Vasco, o melhor do Brasil, joga limpo e pouca gente consegue ludibriar a sua marcação. A arte do futebol não é só dar um drible, chutar bem, ou passar a bola com categoria. A arte do futebol também está na capacidade de roubar a bola do adversário com técnica, sem violência.